Plataformas sociais como Twitter, Facebook e LinkedIn são cada vez mais usadas por empresas interessadas em aprimorar a comunicação com seus clientes, engajá-los ou mesmo reforçar a imagem que eles têm da marca.
No entanto, quando esses portais são utilizados em um contexto corporativo, não é só uma questão de colecionar amigos, avaliações positivas ou sinais de curtir. Quando mal elaborada e gerenciada, a estratégia social pode virar-se contra a empresa, seja devido a danos causados à sua reputação, seja por causa de informações confidenciais vazadas.
As redes sociais têm tirado o sono das empresas. A Panda Security divulgou em março o 1º Índice Anual de Risco em Redes Sociais de PMEs e identificou que 78% das companhias pesquisadas utilizam ferramentas como Facebook, Twitter e LinkedIn para apoiar a estratégia dos negócios.
No entanto, observou-se que muitas ignoram a necessidade de um plano específico de gestão de crises [provocadas pelas redes sociais], que abrigam três grandes focos de riscos: segurança, privacidade e legitimidade.
Os resultados do levantamento mostram que o Facebook é o maior responsável pelas infecções de malware (71,6%) e violações de privacidade, com 73,2%. O YouTube ocupa a segunda colocação, respondendo por 41,2% e o Twitter, na sequência (51%).
Nas companhias que relataram perda econômica por causa de violações de privacidade por parte dos funcionários, o Facebook foi novamente o , apontado por 62%.
Os principais riscos das mídias sociais, indica o estudo, incluem roubo de identidade, infecção e vulnerabilidade da própria ferramenta. Uma das ações que podem evitar que esses problemas afetem a companhia é seguir práticas recomendadas de gestão de senhas com alteração regular e combinação de caracteres alfanuméricos.
URLs encurtadas, serviços oferecidos por sites como migre.me e bit.ly e amplamente usados nas mídias, também são prato cheio para inserção de vírus e outros tipos de infecções. A Panda identificou ainda que 77% dos colaboradores utilizam redes sociais durante o horário comercial. Situação que pode gerar o compartilhamento de informações confidenciais.
Esse foi um ponto levantado também por Vendramini, da Symantec. "Um funcionário diz para um amigo no Twitter que está trabalhando até mais tarde, pois haverá o lançamento de um produto na próxima semana. Sem se dar conta, ele acaba de revelar uma informação confidencial", diz.
Como fazer para evitar esse tipo de situação? Conscientização. Ou, então, sugere Antunes, da McAfee, estabelecer que tipo de informação pode ser abordada nas redes ou ainda permitir o acesso a determinadas áreas, geralmente as que precisam ter mais contato com os consumidores. "Varia muito de empresa para empresa", avalia.
É preciso pensar antes de dizer não. "Isso porque o usuário vai buscar algum caminho para driblar as regras e essa ação pode ser mais perigosa do que permitir e controlar", observa Antunes.
Foi pensando na maior proteção do ambiente após a chegada de soluções móveis e redes sociais que a Granado, atuante do setor farmacêutico e de cosméticos, decidiu ampliar a segurança. "Somos uma empresa centenária, mas apostamos sempre em tecnologias como diferencial competitivo", diz Plínio Bellas, gerente de TI e Telecom da Granado.
O executivo afirma que a TI identificou que quanto mais aumentavam os bloqueios, mais recebia reclamações por parte dos usuários. "Levamos tempo para criar um equilíbrio entre as necessidades dos colaboradores e a segurança corporativa", completa.
Em 2008, a companhia, que possui perfis ativos no Twitter, Facebook e ainda mantém um blog, chegou a um consenso. "Habilitamos os dispositivos móveis [60 no total] para a diretoria e algumas gerências. O acesso é controlado via firewall por meio de VPN criptografada", afirma Bellas.
Já as redes sociais são permitidas para os times de marketing e criação e designer. A escolha não foi ao acaso. Esses setores promovem campanhas, ações e pesquisas de imagem das marcas nas redes e têm esses canais como ferramenta de trabalho.
Antes, dispositivos móveis, acesso a redes sociais e e-mails externos eram proibidos. "Mas com o avanço da comunicação móvel e das tecnologias de segurança, tivemos de nos adaptar às necessidades do mundo digital, que é altamente dinâmico", pontua Bellas. Depois da adoção de plataformas de segurança, a Granado obteve maior controle de conteúdo.
Eis os cinco principais fatores com os quais as companhias devem se preocupar ao entrarem no mundo das mídias sociais.
1:: Aplicativos
A ascensão das redes sociais está intimamente ligada à revolução da computação móvel, que deu a largada para o rápido desenvolvimento de aplicativos para smartphones. Naturalmente, os funcionários de sua empresa baixam um monte deles, tanto em seu próprio celular quanto no do trabalho, porque, bem, eles podem.
No entanto, alguns programas podem prometer uma coisa e entregar outra. No começo de março, a Google removeu de seu Android Market mais de 60 aplicativos que carregavam códigos maliciosos. Alguns deles eram programados para roubar dados pessoais e repassá-los a um terceiro ou mesmo para destruí-los.
Sim, justamente aquele jogo que prometia ser melhor do que Angry Birds.
2:: Engenharia social
Não é de hoje o surgimento de golpistas, mas a Internet se tornou o local favorito de atuação deles. Ela, afinal, facilita a busca por vítimas de coração mole, que possam se simpatizar por causas como... A crise financeira da família real nigeriana.
As redes sociais deixaram a vida dos malandros ainda mais tranquila. E por dois motivos: Primeiro, eles não precisam chutar no vazio, já que as pessoas nunca compartilharam, voluntariamente, tantas informações pessoais como hoje. Segundo, plataformas sociais encorajam os usuários a confiar em pessoas que nem sequer conhecem. Daí é só um passo para que o funcionário caia em um golpe, tenhas as senhas roubadas, e consequentemente, perca e-mails confidenciais enviados pela empresa.
3:: Redes sociais
Às vezes os hackers vão diretamente à fonte, injetando códigos maliciosos na própria rede social, seja numa propaganda, seja a partir de um aplicativo.
No Twitter, links encurtados – muito populares no serviço por conta da limitação de 140 caracteres por mensagem – costumam ser usados para enganar internautas, que podem ter seus computadores invadidos ao clicarem onde não deviam. Essa rede social favorece tal método, pois uma mensagem é facilmente replicada, chegando a inúmeros membros.
4:: Os funcionários
Você sabia que chegaríamos a isso. Mesmo os funcionários mais responsáveis têm lapsos, agem sem pensar ou julgam precipitadamente. Ninguém é perfeito o tempo inteiro.
A questão é que lidar com um comentário infeliz no escritório é uma coisa; tentar contorná-lo quando feito pela rede social é outra coisa. Exemplos não faltam, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
Veja por exemplo o caso de James Andrews, então vice-presidente de relações públicas da agência de marketing Ketchum. Há dois anos, ele enviou um inflamado tuite, difamando a cidade de Memphis, no Tennessee. No dia seguinte, faria uma palestra no local, já que um dos clientes da empresa era ninguém mais ninguém menos que a FedEx, cuja sede fica lá.
Os empregados, irritados, questionaram a companhia, pedindo um esclarecimento de porquê ela estaria pagando tal agência nova-iorquina enquanto eles tinham de acatar um corte de 5% no salário. James Andrews teve de pedir desculpas publicamente, enquanto torcia para não ser demitido.
Observem que o incidente não se deu com um funcionário inconsciente da missão da empresa, mas com um executivo de alto escalão. Ele prejudicou a imagem da empresa e ainda fez com que ela perdesse uma conta importante. Agora, se Andrews foi capaz disso, imagine um empregado sem treinamento, ou mesmo insatisfeito com suas funções.
5:: Falta de política para mídias sociais
Essa é para os chefes. Sem uma política para mídias sociais, a empresa está sujeita a enfrentar uma crise a qualquer momento. Não se pode pedir aos funcionários, simplesmente, que eles representem dignamente a companhia na Internet. É preciso detalhar objetivos, parâmetros e limites.
Os dois principais pontos: Especifique quem está autorizado a agir em nome da empresa e o que se pode dizer. Seja claro, e evite que funcionários decidam por conta própria, pois, em geral, é a partir daí que coisas ruins acontecem.
Por fim, não esqueça que as corporações devem treinar os empregados para que eles tenham conhecimento da política utilizada para as redes sociais. E uma pessoa para coordenar a atuação da empresas nesses portais também é recomendada: Um gerente de mídia sociais.